Chegou, para ficar e para aumentar...

Nós, cirurgiões, e a nossa rotina atual…
Na cirurgia “aberta” podemos operar com lupa, melhora nossa visão e descansa a nossa vista; quem opera de lupa, o faz até em pequenos procedimentos. “Visão aumentada, ampliada”. Na cirurgia laparoscópica aumento de até 20 vezes a imagem FULL HD ou 4K, novamente a melhoria da visão, pensando no cirurgião, é a única vantagem. Temos restrições de movimentos e ergonomia muitas vezes mais cansativa. Novamente, temos apenas a visão aumentada como grande ganho.

Na cirurgia robótica, imagem ampliada 10 vezes em 3D, 4K ou 8K. As pinças robóticas tem 90° de articulação e 540° de rotação, com filtro de tremor e melhoria significativa na ergonomia. Comparado com a laparoscopia, o robô melhora a destreza em 65% e reduz a chance de erro em 93%, reduzindo o tempo para completar a tarefa em 40%. ¹Temos então “Visão e mãos aumentadas”.

Na plataforma robótica conseguimos associar os contrastes fluorescentes, como o verde de indocianina, que identifica a vascularização num primeiro momento e a árvore biliar num segundo. São inúmeras as START- UPS que estão criando para as plataformas robóticas possibilidades de melhoria.

A volta da sensibilidade tátil e o acoplamento das imagens dos exames diagnósticos são algumas das promessas para a próxima geração das plataformas. Teremos o “brainaugmented”, ou seja, o nosso cérebro aumentado!!

A plataforma vai nos mostrar onde estão os vasos nos órgãos opacos, os tumores e suas relações com estruturas nobres. Seremos cirurgiões “Sapien-augmented” pela tecnologia digital.

Nos últimos 12 meses, temos duas publicações relevantes sobre esta opção de acesso e manuseio na cirurgia digestiva. Um artigo de revisão da Updates in Surgery com o título: “Robotic gastrointestinal surgery: learning curve, educational programs and outcomes”.¹

O segundo artigo saiu na Nature Reviews em 2020, “Next-generation robotics in gastrointestinal surgery”² . Neste interessante e visionário trabalho já são descritas as tecnologias que irão transformar a cirurgia robótica humana em sistemas autônomos, como hoje existem os automóveis. Caros cirurgiões, aproveitem a próxima década, muito provável que em 2035, sejamos apenas os guardiões do robô-cirurgião.

André Ibrahim David
Professor Adjunto de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – Departamento de Cirurgia – UNIFESP/EPM

Coordenador do Programa de Transplante de Fígado do Hospital Samaritano de São Paulo

Fonte: Sobranews

Edição 71 – 2022